Judas Priest ignora era Ripper Owens nos shows: entenda a polêmica que segue viva no metal

Mesmo com uma história de mais de 50 anos de carreira, o Judas Priest continua sendo pauta quente entre os fãs de heavy metal. O motivo? A eterna ausência de qualquer música da era Tim "Ripper" Owens nos shows da banda. Em entrevista recente ao jornalista Andrés Durán, o baterista Scott Travis explicou por que isso acontece, reacendendo um debate que parece longe de ter fim.

"A verdade é que Rob [Halford] não tem interesse em cantar essas faixas, e eu entendo totalmente", disse Travis. "Temos um catálogo tão vasto e clássicos obrigatórios em todos os shows, como 'Breaking The Law', 'Living After Midnight', 'Victim Of Changes'... Mal temos tempo para incluir outras músicas. Por isso, optamos por deixar essas de fora."

Mas não falta quem discorde. O próprio Ripper Owens, em entrevista de 2021, disse: "Não faz sentido. Você celebra 50 anos de Judas Priest e ignora uma década inteira da banda? Rob soaria incrível em 'Burn In Hell'. Não tem motivo pra não tocar ao menos uma dessas faixas."

A fase com Owens nos vocais gerou dois álbuns de estúdios, Jugulator (1997) e Demolition (2001), além de dois discos ao vivo e um DVD. Ainda assim, é como se essa era tivesse sido varrida da história ao vivo da banda.

Halford, por sua vez, tem uma relação delicada com o material. Em entrevistas passadas, disse nunca ter ouvido Jugulator ou Demolition. "É psicológico. Não consigo ouvir o Priest sem mim", disse em 2000. Em 2021, reforçou: "Não me atrai, porque não sou eu cantando. Soa egoísta, mas não tenho interesse."

Curiosamente, Halford já afirmou que estaria aberto a cantar essas faixas. Em 2020, declarou ao podcast The SDR Show: "Esses álbuns são tão válidos quanto o restante do catálogo. Quem sabe um dia?"

Richie Faulkner, guitarrista atual do Judas Priest, também demonstrou carinho pela fase Ripper. Em 2019, destacou "Hell Is Home" como uma de suas faixas favoritas: "É pesada e com uma melodia vocal incrível. Ripper manda muito bem."

Apesar do apagamento ao vivo, as faixas de Jugulator e Demolition foram incluídas no box comemorativo 50 Heavy Metal Years Of Music, lançado em 2021. O material trouxe todos os álbuns oficiais da banda e 13 discos inéditos, reconhecendo finalmente essa parte da história.

Ripper Owens não demonstra ressentimentos, mas não esconde a frustração. "Não precisam me homenagear, mas seria legal ver uma daquelas faixas num setlist. Fui parte da banda por oito anos. Fizemos álbuns importantes. É uma fase que merece mais atenção."

Enquanto isso, os fãs seguem divididos: há quem veja a fase Ripper como uma transição potente e cheia de personalidade, e outros que preferem manter Halford como a voz definitiva do Judas Priest. A banda segue firme em sua jornada, mas a discussão ainda promete ecoar por muito tempo entre os corredores do metal.